domingo, 18 de agosto de 2019

A Revolução Francesa e os Três Estados


A França setecentista passava por graves problemas econômicos com a produção agrícola abaixo do esperado, uma atividade industrial lenta e com graves disparidades sociais, na qual boa parte da população suportava o jugo de altos tributos e de relações ainda feudais impostos pela Nobreza que constituía a corte real, além da desoneração tributária que desfrutava a Igreja Católica na vida francesa.
O Terceiro Estado constituído por boa parte dos trabalhadores urbanos e rurais em diferentes ocupações e pelos ditos burgueses apesar de serem segmentos complexos da sociedade (Hampson, 1984, p. 47 apud Marques, Berutti e Fraria, 2003, p. 18) tinha em comum o desejo de se libertarem destas amarras institucionais.
Os mais afortunados que possuíam um padrão de vida melhor que seus concidadãos sans - culottes e camponeses queriam ascender politicamente na possibilidade de aumentarem seus patrimônios e de colocarem em prática sua visão de vida social nacional se aproveitaram deste quadro cético, ou seja, de descredibilidade para com as elites do Antigo Regime que as via como parasitária e desprovida de virtudes medievais, e de caráter utilitário de organizar uma nova sociedade que na sua instauração contaria com homens insatisfeitos com esse quadro social que retirando essa elite colocaria os colocaria no poder, podendo assim essa nova elite aplicar os valores modernos e saciar sua sede de modernidade, claro contando com os votos de lealdade do povo revolucionário para rechaçar as contrarrevoluções, criando deste modo uma nova ordem e uma coesão social utilitária a serviço de seus interesses (idem).

Sans - Culottes

E o Terceiro Estado de fato tinha uma importância muito grande, não por constituírem mais 90% da vida nacional, mas principalmente por serem responsáveis do dinamismo que existia na decadente ordem medieval setecentista, sendo que Tugot que fora nomeado o homem com a missão de tirar a França da lentidão enxergava na modernização econômica o papel que esse segmento social poderia desempenhar para alavancar o crescimento francês.
Essa visão de anterior aos eventos de 1789 foi adotada nas vésperas da Revolução em que o principal papel dela seria modernizar a França em vários aspectos com a participação ativa dos subsegmentos na qual a Nação francesa só por meio dela retomaria sua grandeza (Sieyes apud Marques, Berutti e Fraria, 2003, p 18 e 19).

Turgot

A Revolução foi feita com os combates protagonizados pelas massas que lutaram com afinco contra os legalistas da antiga ordem na qual se presenciaram um imenso banho de sangue e de destruição física daquilo que representava a antiga ordem de uma França combalida pelo atraso, incluindo o próprio Rei que mesmo considerado inocente anteriormente pelos desmandos feitos em seu nome pelas elites(idem), logo se percebia sua responsabilidade em permitir que tais elitistas fizessem a França em ser uma Nação decadente.
Mas quem incito-la lutar foi o subsegmento que tinha poder politico para poder orientar contra quem deviam danar e de que modo deviam danar os contrarrevolucionários, sendo pela qual as jornadas revolucionárias ficaram conhecida como a Revolução Burguesa.
A dita Burguesia ao evocar os fantasmas da reação das antigas elites pôde manejar as massas, mas ao tempo ela pudesse de caráter utilitário aproveitar os aspectos que julgava positivo do Antigo Regime evitando que se desdobrasse em lutas sociais mais radicais, porém não podendo evitar a derrubada dos vestígios, ao seu modo de ver, da ordem senhoril (Lefebvre, 1979, p. 191-2 apud Marques, Berutti e Fraria, 2003, p 22,23 e 24).
Mas esta massa revolucionária sabia bem de seu poder e, portanto entre elas havia interesses opostos na qual a elite política mais radical devia conciliar bem seus interesses para evitar uma reação fulminante e uma desordem social grave (Moore Jr, 1983, p. 112-3, apud Marques, Berutti e Fraria, 2003, p 24,25 e 26).
Os camponeses estavam fartos de produzir grandes quantidades sem gratas compensações para os revolucionários urbanos na qual podemos ver até a onde a Revolução pode ir caso as demandas diversas não sejam atendidas (idem).
E assim se faz as políticas dentro das conhecidas jornadas revolucionárias burguesas que surgem das classes populares e em seguida são direcionadas pelos ditos burgueses aonde se constitui uma nova ordem social utilitária.

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