segunda-feira, 29 de julho de 2019

Produção historiográfica no período da Guerra fria


O discurso que o premier britânico, Winston Churchill, pronunciou nos Estados Unidos em 1946 ao esboçar um brado de alerta, sob seu ponto de vista, ao iminente perigo soviético ao mundo ocidental com objetivo de despertar a atenção do governo estadunidense a respeito da ameaça vinda de Moscou pode ser interpretado por nós como o início das hostilidades mútuas entre os principais vencedores da Segunda Guerra (EUA, Reino Unido e URSS) cujo conflito Geopolítico é conhecido por Guerra Fria na qual o bloco aliado dos EUA, os países que foram contemplados pelo Plano Marshall, protagonizariam uma rivalidade de 40 anos com o bloco soviético, sendo essa aliança composta pela União Soviética juntamente com os países do Leste Europeu que foram ocupados pelo Exército Vermelho durante a guerra que derrubou regimes colaboracionistas/satélites da até então do regime Nacional-Socialista alemão e instalou regimes favoráveis ao regime soviético, por meio de eleições pluripartidárias e de manobras políticas como golpes, p.ex..
É evidente que ao denunciar a ameaça que a URSS representava as democracias liberais, claro que de maneira vaga sem explicitar quais as ações que os soviéticos tomariam conforme detectado por J.P. Morray (1961 apud MARQUES, BERUTTI; FARIA 2003, p.13), afinal nem mesmo sabia de fato o que pretendiam fazer contra a Europa Ocidental e tampouco conseguir apontar com infalibilidade o movimento político internacionalista vermelho na nova Europa, o chefe de governo britânico negligencia sua colaboração pouco recente com o expansionismo de Kremlin nas terras húngaras, polonesas, romenas, etc. por meio de acordos de partilhas de territórios com finalidade de reordenar o cenário geopolítico do velho continente pós Hitler.
Um desses arranjos territoriais que o Churchill fez questão de omitir diante do passeio realizado na antiga colônia inglesa que já mostrava a todos que substituiria o papel de potência mundial da sua antiga metrópole foi a Conferência de Yalta, realizada no início de 1945 que consolidou a hegemonia pós-guerra da URSS nas antigas pátrias que estavam em domínio de Berlim, direta ou indiretamente, o que fez questão do omitir dos seus ouvintes durante o pronunciamento com quem se reuniu há um ano e quais os objetivos foram firmados e cumpridos conforme a própria Declaração de Yalta:
O “Premier” da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o primeiro-ministro do Reino Unido e o Presidente dos Estados Unidos da América realizaram consultas entre si no interesse comum dos povos de seus países e da Europa libertada. [...] (DECLARAÇÃO..., 1945, apud MORRAY, 1961 apud MARQUES; BERUTTI; FARIA, 2003. p.11, grifo nosso).
Cujos interesses conforme cita Morray (1961 apud MARQUES; BERUTTI; FARIA, 2003, p.11) seriam o restabelecimento da ordem na Europa e a reconstrução da vida econômica nacional fossem realizados por processos que premissem aos povos libertados destruir os últimos vestígios do nazi fascismo, e portanto construir as instituições democráticas que melhor que contemplassem as forças anticolaboracionistas.
Winston Churchill 
Apagando o passado recente de colaborador do “camarada” Stalin na construção de uma nova ordem europeia Churchill cria o termo “Cortina de Ferro” para designar uma barreira protetora do expansionismo soviético visando isolar a URSS dos seus simpatizantes e militantes do restante do Continente, e por assim criando um alarde que abordamos anteriormente.
Em setembro de 1949 Após a URSS realizar o seu teste nuclear, onde os EUA batizaram a bomba de Joe One em alusão a Joseph Stalin, o bloco Ocidental do mundo ficou atônito pela perda da hegemonia estadunidense da bomba nuclear. Começou em solo norte americano a caça as bruxas de possíveis “inimigos” internos sobre vazamento de informações nacionais referentes à bomba e outros assuntos, mas mais do que isso, enfatiza o poder das duas superpotências URSS e EUA em cima dos dois blocos ideológicos, capitalista e comunista, uma vez que somente as duas são detentoras de armas nucleares, onde o mundo passa a dançar a música que esses dois países tocam, cada uma em sua área de influência.
Harry Thruman
Em março de 1947 o presidente dos EUA Harry Truman realiza um discurso contra a influência comunista no bloco ocidental, que estava sobre domínio dos Estados Unidos. Em suas palavras o líder político usa a vitória de guerrilhas comunistas na Turquia e na Grécia. Ele acusa estas lutas armadas como ditaduras impostas por uma minoria contra o seu povo e influenciadas pela União Soviética, defendendo a hegemonia política destes países, incluindo ajuda financeira e econômica á eles se baseando na carta das Nações Unidas. Truman sempre usa a liberdade como argumento para defender o seu posicionamento:
 Os Estados Unidos, ao ajudar nações livres e independentes a defenderem a sua liberdade, estarão concretizando os princípios da carta das Nações Unidas... As sementes dos regimes totalitários são alimentadas pela miséria e pela necessidade. Elas brotam e se desenvolvem no solo daninho da pobreza e da discórdia. E alcançam seu pleno vigor quando a esperança de um povo por uma vida melhor já morreu.( TRUMAN, 1947 apud MORRIS, 1964 apud MARQUES; BERUTI; FARIA, 2003. p.20).
Este fato ficou conhecido como a Doutrina Truman, mas não ficaria somente por isso, em setembro do mesmo ano Andrei Zdanov um político da URSS próximo de Stalin, fez um discurso defendendo o lado soviético conhecido como a Doutrina Zdanov, que se aproxima das palavras de Truman e as complementa.
Stálin e Zdanov
Zdanov usa em seu discurso o caráter imperialista dos Estados Unidos sobre a sua influência no Ocidente, e põe os adeptos do Partido Comunista nos países sobre influência norte- americana como combatentes, adjetivando eles como antiimperialistas e antifascitas, isto conota a aproximação com o discurso de Truman que defende a liberdade contra as ditaduras opressoras que sufocam o povo sobre influência soviética. Os discursos se complementam a medida que Zdanov afirma:
 “Uma tarefa particular incumbe aos partidos comunistas irmãos da França, da Itália e de outros países. Eles devem tomar em suas mãos a bandeira da defesa nacional e da soberania de seus próprios países.” (ZDANOV, 1947 apud MARQUES; BERUTI; FARIA, 2003. p.21).
Ambos os discursos defendem os seus interesses. Os Estados Unidos defendia uma interferência externa em países que eram influenciados por Partidos Comunistas em sua região de domínio como citado no discurso de Truman, a Grécia e Turquia, a contra ponto a URSS defendia a interferência interna pelos Comunistas nos países também de influência capitalista quando foi citada a França e a Itália por Zdanov.
Em abril de 1949 é criado O Tratado do Atlântico Norte (OTAN) pelos Estados Unidos, sua composição havia os países aliados sobre sua influência, o que chama atenção neste tratado é o artigo 5°.
As partes estão de acordo em que um ataque armado contra uma ou mais delas na Europa ou na América do Norte deve ser considerado uma agressão contra todas, e consequentemente concordam que, se tal agressão ocorrer, cada uma delas, no exercício do direito individual ou autodefesa coletiva reconhecida pelo artigo 51 da Carta das Nações Unidas, auxiliará a parte ou as partes assim agredidas agindo de modo imediato, individualmente e em ajuste com as outras partes, como lhe pareça necessário, incluindo o uso da força armada, para restaurar e defender a segurança da área do Atlântico Norte. (MORRIS, 1964 apud MARQUES; BERUTI; FARIA, 2003. p.22 e 23)
Em maio de 1955 a União Soviética também cria um acordo com seus países aliados chamado Pacto de Varsóvia, e o seu artigo 4° é semelhante ao artigo 5° da OTAN:
No caso de agressão aramada na Europa contra um ou vários dos Estados signatários do Tratado, por parte de um Estado qualquer ou por parte de um grupo de Estados, cada Estado signatário do Tratado, exercendo seus direitos de autodefesa individual ou coletiva, conforme o artigo 51 da Carta da Organização das Nações Unidas, concederá ao Estado ou aos Estados, vítimas de tal agressão, uma assistência imediata, individualmente ou em entendimento com os outros Estados signatários do Tratado. [...] (Tratado de Varsóvia, 1955 apud QUEIRÓS, 1977 apud MARQUES; BERUTI; FARIA, 2003. p.27 e 28).
Estes tratados acirraram as tensões entre as duas superpotências, conforme é analisado nos dois artigos de ambos os documentos, em caso de agressão militar de uma nação aliada do acordo por parte de outro país do outro bloco, a URSS ou os EUA poderiam entrar em guerra, além do agravante de ambos possuírem armas nucleares (setembro de 1949, Joe One – União Soviética), estava assim aquecendo uma eminente 3º Guerra Mundial durante a Guerra Fria.
Pode se dizer que a construção do muro de Berlim anulou o propalado projeto de convivência pacífica evidenciado por Nikita Kruschev em 1956, nele o líder soviético prega uma conciliação com os americanos dizendo que a uma guerra, com a tecnologia e poder bélico de então, seria devastadora e usa uma metáfora da boa vizinhança para justificar seus argumentos, dizendo que vizinhos tem de encontrar maneiras de conviver juntos, sendo que o discurso diz precisamente o seguinte:
Pode ser que nosso vizinho vos seja simpático, ou não. Não tendes a obrigação de ser amigos ou visitá-lo. Porém viveis lado a lado, e que fazer se nem vós nem ele se dispõem deixar o lugar a que estão habituados, para se fixar em outra cidade? Com muito maior razão, o mesmo ocorre nas relações entre Estados. Ha apenas duas possibilidades: ou a guerra, e deve-se dizer que a guerra, no século dos mísseis e da bomba de hidrogênio, é plena das graves consequências para todos os povos, ou a coexistência pacífica. Quer vosso vizinho vos agrade ou não, não há outra coisa a fazer senão encontrar terreno de entendimento com ele, pois nós temos um só planeta. (KRUSCHEV, 1956 apud DELMAS, 1979 apud MARQUES; BERUTI; FARIA, 2003. p.29).
Nikita Kruschev
Essa “política da boa vizinhança” caiu por terra com a construção do muro de Berlim, em 1961, em que Kruschev restringiu o fluxo de habitantes do lado comunista para o lado ocidental da cidade. Os habitantes estavam indo em grande quantidade para o lado capitalista, esse êxodo estava ocorrendo devido aos melhores salários oferecidos, profissionais de várias áreas se debandavam para o lado ocidental, deixando o lado oriental carente de pessoas do mesmo gabarito. Sendo assim, na noite do dia 13 de agosto de 1961, soldados soviéticos e alemães orientais, auxiliados por milícias operárias começaram a erguer com arames farpados cercas ao longo da fronteira com Berlim ocidental. A atitude hostil dos comunistas fechando o limite entre as duas zonas de influências irritou profundamente os norte-americanos, que consideraram essa atitude uma violação aos acordos assinados anteriormente, e prometeram que tal ação seria repelida.
O muro de Berlim é considerado o símbolo máximo da Guerra Fria, pois foi construído com o único propósito de separar as duas zonas de domínio, do lado oriental ficariam os comunistas liderados/influenciados pela URSS e do lado oriental os capitalistas liderados/influenciados pelos Estados Unidos da América.
Uma revista de grande tiragem a nível mundial, a revista Seleções Reader’s Digest tornou-se um grande instrumento de propaganda americano, tendo publicano em sua edição de outubro de 1962 uma entrevista com o presidente Kennedy, nela ele afirmou:
Até 1954, era-nos inteiramente favorável o balanço do poderio aéreo e das armas nucleares – continuou. – A situação começou a mudar por volta de 1958 ou 1959, com os mísseis balísticos. É preciso compreender agora que ambos os lados possuem essas armas devastadoras. É claro que, em determinadas circunstâncias, devemos estar prontos a empregar de saída as armas nucleares; por exemplo, no caso de um ataque inequívoco à Europa Ocidental. Mas o importante, o necessário, é controle, flexibilidade, poder e escolha. (ASLOP. In: SELEÇÕES READER’S DIGEST, 1962 apud MARQUES; BERUTI; FARIA, 2003. p.31).
John Kennedy
A estratégia de Kruschev pretendia a vitória mundial do comunismo sem uma guerra nuclear, mas para que isso fosse possível teria de aumentar ainda mais o poder militar soviético, a guerra que ele pretendia era outra, através de lutas limitadas por guerrilhas, as chamadas guerras de libertação nacional. Por meio dessas guerrilhas as regiões subdesenvolvidas produtoras de matérias primas do mundo cairão sobre o domínio comunista, isolando países da OTAN e produzindo assim a vitória do comunismo. O sistema dele falhou na Grécia e Filipinas, mas teve êxito na China e em Cuba, isso quer dizer que ele não é desprovido de inteligência.
Já na estratégia de Kennedy, o objetivo era deixar líder soviético na dúvida, com incerteza, se usariam suas armas nucleares ou não, antes ou num contragolpe avassalador no caso de ataque inimigo, mesmo que convicto que a América nunca usaria suas armas primeiro que Kremlin.
Ambas as estratégias não pretendiam uma guerra nuclear direta, apesar de aumentarem ser poderio bélico para intimidar o regime rival, a diferença em que a estratégia de Kennedy se opunha a Kruschev era o fato de que o segundo apoiava guerrilhas socialistas nos países subdesenvolvidos que produzem matéria prima para enfraquecer o capitalismo e tomar o poder financeiro dos capitalistas, assim derrotando-os.
O início da Guerra Fria na América Latina foi bastante impactante dentro do cenário político dos principais países, sendo estes importantíssimos por sua localização geográfica, pelos recursos naturais e pela sua potencialidade econômica, na qual se viram atados a doutrina geopolítica dos Estados Unidos e, portanto submissos a sua visão política, econômica e social.
Fidel Castro 
Enquanto Cuba nos anos 60 buscava apoio da União Soviética para se manter diante da postura hostil estadunidense no processo de consolidação da Revolução Cubana, o restante do continente desde pós guerra precisamente na década de 1950 estava em processo de inserção no mundo Capitalista encabeçado pelos EUA em que se valia da colaboração das elites nacionais (de caráter internacionalista) para manter sua hegemonia as custas do sofrimento material e moral dos latino americanos.
Esse panorama de dominação e opressão exercido pelo Washington e seus senhores de Wall Street por meio das elites locais criaram um ambiente de insatisfação popular prontamente canalizada por líderes políticos e governantes de orientação nacionalista, sendo estes ou radicais ou moderados (pragmáticos), na qual passaram a representar uma grave ameaça aos interesses das classes subservientes aos EUA e ao próprio poder norte-americano.
Para evitar novos processos de alternativas da hegemonia e de equilíbrio nas relações entre a Casa Branca e os governos nacionais (que manifestaram o objetivo de autonomia e a de exercerem a idealizada soberania nacional) os EUA arquitetaram intervenções e apoiaram os golpes militares e as instabilidades contra regimes que lhes confrontavam/contrariavam.
Não obstante da queda de Arbenz, na Guatemala, e no trágico desfecho da Crise do Governo Brasileiro que culminou no suicídio do presidente Getúlio Vargas ambas ocorridas em 1954, as elites culturais movidas pelo alerta desencadeado pelo Churchill em 1946 convocam em 1955 na cidade de Rio de Janeiro, no nosso país, o “II Congresso contra a intervenção soviética na América Latina” que foi realizado pela organização Cruzada Brasileira Anticomunista.
Seguindo o exemplo do congresso do ano anterior ocorrido na Cidade do México os organizadores tinham o objetivo de colher os frutos, ou seja, obterem os mesmos êxitos que foram o fim de regimes citados acima e o compromisso de inquebrável voto de lealdade aos objetivos centrais da reunião por parte do presidente mexicano, do partido governista e de outras lideranças de movimentos sociais mexicanos (CRUZADA BRASILEIRA ANTICOMUNISTA: Relatório do Segundo Congresso contra a intervenção soviética na América Latina, s.d. apud MARQUES, BERUTTI; FARIA 2003. p.37-38).
Para que lograssem esses objetivos a convocação denunciava, sob o ponto de vista deles, a expansão soviética ou “perigo vermelho” nos países signatários do congresso propagando os ideais comunistas por meio de militantes entusiastas causando instabilidade e lutas de classes elevando as tensões políticas ameaçando assim a ordem e o desenvolvimento destas pátrias, inclusive associando métodos de ação dos socialistas na URSS com a Inquisição Medieval, uma contradição enorme já que em nome de valores cristãos (principalmente da Igreja Católica Romana) denigre uma das principais instituições que existiu no mundo católico, mencionando também a acusação implícita de que o ex-presidente Getúlio Vargas antes de seu desfecho horrendo apoiou e deu suporte a “marcha bolchevista” mesmo depois da repressão ao movimento revolucionário do Partido Comunista (PCB) e da ala do exército durante o seu governo nos anos 30, onde passa a valer tudo pela luta contra o Comunismo.
Sendo assim a propaganda Pan Latino-americana visava unir todos os países de origem latina em torno da luta Anticomunista seguindo o exemplo da Cortina de Ferro que tinha o dever de proteger o continente.
A proteção não seria simplesmente com ações diplomáticas hostis, mas principalmente por ações de propagandas internas precavendo os compatriotas das ditas “Quintas Colunas”, ou seja, agitadores e agentes pró Moscou, já que para os organizadores a ameaça se fazia internamente diante da impossibilidade da invasão militar da URSS no período de curto a médio prazo, além de buscar soluções (embora que fossem vagas) que remediassem as injustiças sociais e garantissem a estabilidade nacional.

Se na década de 50 foram articulados movimentos com finalidade de barrar o avanço comunista na América Latina, nos EUA anos 60 a atmosfera seria semelhante como podemos perceber nas palavras do missionário-médico Walter H. Judd:
[...] Na opinião deles [dos Comunistas], qualquer mentira, qualquer crime não é apenas desculpável, mas chega a ser positivamente virtuoso desde que faça avançar a causa do comunismo mundial. Para eles, a violação de tratados e acordos não representa uma traição à fé jurada, mas uma afirmação eloquente e perfeitamente coerente da mesma [...]. (SELEÇÕES DO READER ’S DIGEST, abr. 1966 apud MARQUES, BERUTTI; FARIA 2003. p.35).
O que nos soa estranho por se tratar de esforços de coexistência pacífica entre o Bloco Capitalista e o Bloco Socialista em que o ex- secretário geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), Nikita Kruschev demonstra boa vontade em dialogar com as liberais democracias com intuito de estabelecer pontes entre Moscou e o restante do mundo, incluindo os norte-americanos, ainda mais os traumas após os anos de caça as bruxas, como o caso do Macarthismo (em alusão ao senador republicano, na época, Joseph McCarthy) que resultou em perseguições aos notáveis ligados aos movimentos de esquerda ou aos simpatizantes da ideologia durante os anos 50.

Parece que ficou na memória do Walter Judd os feitos de McCarthy, o que faz continuar militar na oposição implacável as ideias da extrema-esquerda mesmo se contradizendo afirmando que os comunistas permitam iniciativas pessoais sendo que simultaneamente se opõem a ações individuais, e quando afirma que os Socialistas defendem a partilha dos bens nacionais de maneira espontânea para em seguida afirmar que impõem medidas coercitivas. (JUDD, WALTER. In: SELEÇÕES DO READER ’S DIGEST abr. 1966. Paginação Irregular apud MARQUES, BERUTTI; FARIA, 2003. p.34-35).
Mesmo que se esforce em distinguir a teoria em relação à prática do Sistema Socialista e Comunista, Judd não elucida essa diferencia o que leva os mais leigos a definir falsas premissas ou nem sequer conseguir fazer isso em razão da confusão que provoca com essas contradições de termos e definições de ambos os sistemas.
Não estamos afirmando que tudo o que afirmou está errado, pois tem enorme razão ao evidenciar que de fato havia um abismo econômico e social entre os dois mundos na qual o mundo ocidental desfrutava durante o período da Era de Ouro os altos índices de indicadores de bem estar social e grande poder de compra algo bem menos perceptível no mundo Marxista-Leninista, sendo em alguns lugares vidas penosas em meio à fome e a escassez, sem esquecer-se de levantar a questão de controle de locomoção dos habitantes visando evitar a emigração para o bloco do Estado de Bem Estar Social regional.
Mas demonizar o mundo não Capitalista ignorando as contradições deste mesmo sistema na qual em seu seio tem tido cidadãos que sentem atração pelo Socialismo/Comunismo mostra que a maior preocupação não é reformar por completo o sistema, e sim camuflar os problemas do mundo ocidental através de alardes aos erros da ideologia vermelha.
O podemos perceber em relação ao discurso do Winston Churchill e dos dois discursos, um do congresso Anticomunista e outro das objeções de Judd é que por mais que sejam legítimas as críticas ao sistema político, econômico, social e filosófico do Socialismo/Comunismo e que é obrigação dos cidadãos, sejam estes escritores, conferencistas, organizadores de congressos, ativistas e políticos notáveis, denunciar ideias que ameaçam a cultura nacional ou regional, ou que coloca em risco a humanidade, porém o que vimos foi um jogo de palavras, de frases de efeitos, de repetições de termos negativos como “perigo vermelho”, “Quintas- Colunas”, “bolchevistas”, de termos positivos como “mundo livre”, “incentivo pessoal” que servem para manipular as pessoas fazendo da questão das ideologias vermelhas uma seção de retóricas vazias obrigando elas optar pelo mal menor, no caso o Capitalismo, para evitar uma tragédia maior, não que o Anticomunismo seja errado ou ruim, mas que se combata com conhecimento e racionalidade com devida análise, estudo e observação, ao contrário das propagandas irracionais que apontamos que teve o único objetivo de salvaguardar os interesses das elites nacionais e internacionais sob a desculpa de garantir a proteção das liberdades no mundo Capitalista.



Fonte e Referência:
 BERUTI, Flávio Costa; FARIA, Ricardo de Moura; MARQUES, Adhemar Martins. História do Tempo Presente. 1. ed. São Paulo: editora contexto, 2003.











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