quinta-feira, 1 de agosto de 2019

A Inconfidência Baiana e o Baixo clero




Em nosso artigo iremos abordar a participação do baixo clero católico na Revolta dos Alfaiates (por terem alfaiates em meio a essa trama) / Revolução / Conjuração / Inconfidência Baiana tendo como fonte histórica a carta/ bilhete dirigido ao líder carmelita nomeando chefe da Igreja Brasileira e o incumbindo de liderar os fiéis no levante popular em comunhão com os demais revoltosos contra a ordem colonial e em pró do triunfo de uma república liberal, semelhante à França Revolucionária.
Utilizaremos como fonte historiográfica a obra História Geral da Civilização Brasileira que aborda a Era Colonial inclusive a Inconfidência Baiana.
Iremos falar um do pouco a respeito das ideias Iluministas e da própria Conjuração, e o envolvimento dos clérigos da baixa hierarquia da Igreja na Conspiração Baiana.
As ideias Iluministas na Revolta dos Alfaiates
A Revolução Francesa e o seu triunfo foram simulacro para a empreitada revolucionária Soteropolitana com a trilogia Liberdade, Igualdade e Fraternidade como palavras de ordem, ou seja, de ação contra a velha ordem lusitana aos olhos dos revolucionários uma ordem marcada pela opressão e em levante visando uma nova sociedade emancipada e menos desigual em que todos seriam livres e não seriam mais submetidos a regras e vivências tirânicas de acordo com a cartilha liberal de 1789.
As ideias de uma Bahia e talvez de uma América Livre até o momento Portuguesa que objetivava o fim da escravidão; a independência do Brasil; aumento de soldos para soldados; proclamação da República, liberdade econômica e entre outras reivindicações acabou atraindo diversos setores da sociedade em razão da situação de carestia que provocava a situação famélica dos descamisados e do domínio colonial que estrangulava anseios econômicos da elite local.
  
Envolvimento do Baixo Clero na Revolta dos Alfaiates

É notório o envolvimento dos sacerdotes na conspiração em favor do triunfo da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, e isto está atestado na fonte histórica trabalhada:
Prescripção do Povo Bahinense:

"O Povo
Rmo em Chrsito1 Padre Prior dos Carmelitas Descalços para o futuro geral em chefe da Igreja Bahienense; segundo a secção do Plebiscito de 19 do corrente[mês] quer e manda o Povo que seja feita a sua revolução nesta cidade por consequência de ser exaltada a bandeira da igualdade, liberdade e fraternidade popular, portanto manda que todo o Sacerdote Regular e Irregular assim o aprove e o entenda alias... vive e vale Ba Republicana 20 de Agosto de 1798
                                                                                                          
                                                                   Anonimos Republicanos

                                                                            Sobscripto

Rmo em Chrsito1 Padre Prior dos Carmelitas Descalços, etc." (REPUBLICANOS 1798 apud MATTOSO, 1969, p. 158) 

Nos papéis fixados pela cidade mostra a quantidade de pessoas (e as suas respectivas ocupações) comprometidas na causa em número significativo de padres e frades.
Isso se deve a sensibilidade para com os mais necessitados e a indignação a sua situação de penúria, além das ideias iluministas de igualdade entre todos os homens, cujas ideias propagadas nas reuniões secretas em que padres cultos realizavam leituras “subversivas” junto com anticlericais. 
Padres que provavelmente transmitiam visões transformadoras aos seus colegas de batina e hábitos (conforme a fonte acima) e estes encarregados de transmitir a comunidade religiosa com o intuito de fervilhar uma leva revolucionária popular tropical.
Ao longo das investigações foram encontrados nos conventos dos frades agostinianos e capuchinhos manuscritos semelhantes aos fixados em Salvador pregando Revolução no estilo francesa.

Conclusão

O podemos concluir é que a participação do Baixo Clero não foi insignificante afinal eram seres sociais com o domínio eminente da oratória que influenciava ouvintes cansados da obsoleta ordem luso-tropical que sufocava as liberdades e conservava um quadro crítico de desigualdade entre os homens da colônia motivando a indignação dos religiosos e adesão dos mesmos e da população a revolta emancipacionista.
Não se trata de uma simples Revolução Social em que se modificaria radicalmente o modo de produção e obtenção de riquezas, mas de uma Igreja Popular em conflito com a Igreja (precisamente a Roma, residência do Papa) vista pelos sacerdotes revolucionários uma instituição corrompida e opulenta em meio à pobreza e a ausência de valores humanistas.
Esse projeto de uma Igreja Liberal Radical, de acordo com os moldes Jacobinos, fracassou em meio à repressão das autoridades as lideranças da conspiração (Luís Gonzaga das Virgens entre eles condenado a morte) e o malogro da “primavera” francesa tropical eclesial em que o conservadorismo clerical mantivera o seu poder na Bahia Colonial.






REFERÊNCIAS
HOLANDA, Sérgio Buarque de (Org.). História Geral da Civilização Brasileira: A época colonial. Tomo I. Vol. 2. 10. ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
REPUBLICANOS, Anônimos. Projeto “Impressões Rebeldes”: Prescripção do Povo Bahinense. Disponível em: <http://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/wp-content/uploads/2013/07/INC1798-12-Bilhete-II.pdf>. Acesso em 26 de Novembro de 2017






Nenhum comentário:

Postar um comentário

Professor Fabio Cardoso: O golpe da Proclamação da República e o declínio d...

Professor Fabio Cardoso: O golpe da Proclamação da República e o declínio d... : O Partido Republicano não tinha poder eleitoral, visto que ...